7 de mai. de 2021

INTENSOS E DEDICADOS EM TUDO – ISRAEL SUBIRÁ


A Palavra de Deus claramente chama-nos a amar ao Senhor com tudo o que somos e tudo o que temos. Isso quer dizer que não se ama quando se faz uma serenata ou uma vigília, mas com a vida inteira. Amar não é falar que ama, mas viver amor em todo lugar, toda hora, na intensidade que o próprio Amado pede: muito, total.

É por isso que Paulo ensinou a fazer todas as coisas como se fosse para Deus, e não para os homens:

Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo. COLOSSENSES 3.23,24, ARA

Quer dizer que um cristão que trabalha não trabalha apenas para seu chefe terreno, mas primeiramente para Deus. Um aluno cristão não deve excelência apenas a seus professores, mas primeiramente a Deus. Um cristão deveria diferenciar-se do resto da sociedade, porque possui a mais nobre motivação ao fazer tudo o que faz: agradar ao Criador.

Como assim? Quer dizer que Deus não está interessado apenas em como eu oro, leio a Bíblia ou se fui ao culto de domingo? Não, claro que não! Muitas vezes, carregamos essa concepção errônea de que Deus está apenas parcialmente interessado em nossa vida. E o principal problema é que isso só desperta em nós amor parcial. Nós O amamos porque o Senhor nos amou primeiro (1Jo 4.19). Logo, nosso amor é sempre uma resposta ao amor divino. Se eu tenho uma revelação limitada do amor de Deus, portanto, oferecerei um amor igualmente limitado.

Algo mudou em minha vida, na adolescência, quando descobri que Deus estava completamente interessado em mim. Eu andava muito de ônibus para ir e voltar do trabalho e tentava aproveitar o percurso para ler a Palavra de Deus, além de outros livros edificantes. Passei a ter encontros com a presença de Deus naquele ambiente público e, acredite, eu cheguei até mesmo a chorar – várias vezes – na frente de todo mundo. Não sei dizer quantas vezes fui tomado pela presença dEle enquanto lavava a louça em minha casa, fazendo trabalhos da faculdade.

Nós enfatizamos muito a importância de gastar tempo no secreto, de gastar tempo na presença de Deus, mas o que o Senhor quer fazer não termina no secreto, apenas começa ali. Depois, quando saímos daquele lugar, levamos algo conosco! Essa é a ideia divina de amor total. Não há nada que deva ficar de fora, não há momento que não seja hora de amá-Lo, não há atitude que não seja para Ele. Da mesma forma que um marido que está integralmente compromissado com sua esposa, assim também o cristão deve estar completamente, 24 horas por dia e 7 dias por semana, compromissado com Cristo – em amor.

Muitos problemas vêm com o pensamento de que nossa entrega não precisa ser completa, ou que o nosso relacionamento não necessita ser integral. Um dos principais é a errônea separação entre uns que precisam viver radicalmente para o Senhor e outros que estão liberados disso. Normalmente, o radicalismo acaba sendo terceirizado à família do pastor, ou aos ministros de louvor. Esse pensamento é mais popular do que você imagina, e eu posso provar para você com uma simples série de perguntas:

Se um engenheiro recebe uma proposta pra ganhar duas vezes mais, não seria uma bênção ele aceitar esse novo emprego?

Se um advogado recebesse uma proposta para ganhar três vezes mais do que em seu emprego atual, ele só teria que mudar de cidade, não seria uma bênção?

E se um pastor recebesse uma proposta para ganhar mais, só que pastoreando uma igreja diferente?

Eu não sei quanto a você, mas quando ouvi essas perguntas, na abertura de uma mensagem do pastor Craig Groeschel, que admiro muito, imediatamente caí na risada. Eu ri ao perceber como eu me alegrei pelo advogado e o engenheiro, mas, imediatamente, fechei-me com o exemplo do pastor.

“Ah, mas o pastor tem que orar sobre o assunto, ele tem que responder a Deus!”

Ué, e o advogado e o engenheiro não devem orar também?

Escutem, agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e faremos negócios, e teremos lucros”. Vocês não sabem o que acontecerá amanhã. O que é a vida de vocês? Vocês não passam de neblina que aparece por um instante e logo se dissipa. Em vez disso, deveriam dizer: “Se Deus quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo”. TIAGO 4.13-15

Todo cristão desistiu da própria vida quando passou a servir ao Senhor! Ou seja, nós não somos mais de nós mesmos. Pelo contrário, somos chamados a negar a nós mesmos, tomar nossa cruz e seguir Jesus! Tudo o que fizermos, deve ser para honra e glória do Senhor, como bons soldados que servem Àquele que os alistou.

Por algum motivo, entretanto, achamos que essa vida não é para todos. Acreditamos que é normal terceirizar o convite divino de amor total, de radicalidade. Esse chamado não é para alguns, e sim para todos, sem exceção – não sou eu quem está dizendo, é a Bíblia. O convite a amar com tudo que somos e temos, intensamente, não foi direcionado a alguma família específica, mas para todos os homens e todas as mulheres!

Não deixe mais que seja uma opção oferecer a Deus parcialidade e mornidão. Ame a Deus com o seu tudo!
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Autor: Israel Subirá. Israel Subirá é o filho mais velho de Luciano Subirá, vive em Tulsa, uma pequena cidade dos EUA, com sua esposa Priscilla. Ele tem um canal no youtube com mais de 700 mil inscritos, onde fala abertamente sobre cristianismo de um jeito leve, com linguagem acessível e jovem.

23 de out. de 2020

Uma História de Reconciliação - Luciano Subirá

 

UMA HISTÓRIA DE RECONCILIAÇÃO – LUCIANO SUBIRÁ

A carta de Paulo a Filemom é digna de ser examinada sob a ótica da palavra da reconciliação que temos recebido. Assim como temos a responsabilidade de apregoar aos homens a reconciliação com Deus, também temos de fazê-lo em relação aos homens. Há três personagens em evidência nesta carta do apóstolo: Filemom, Onésimo e o próprio Paulo.

Filemom era um amigo de Paulo (a quem a carta foi endereçada) e também um filho na fé. Seu nome significa “afeiçoado”, o que nos faz concluir – juntamente com o conteúdo da carta – que era alguém que facilmente alcançava o carinho das pessoas, e sabia como retribuir o que lhe era dado. Era a pessoa lesada da história.

Onésimo é o pivô desta história. Foi em favor dele que Paulo escreveu. Era um escravo fugitivo, e o apóstolo Paulo intercede por ele, para que Filemom o receba de volta e o perdoe. Era o que estava em falta.

Paulo, o apóstolo dos gentios, é que assume o papel de reconciliador, e certamente compreendia muito bem o significado das palavras de nosso Senhor:

“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”. (Mt 5.9.)

O apóstolo se identifica como prisioneiro de Cristo, lembrando a Filemom que a distância entre eles se dava pelo fato de Paulo estar na cadeia por pregar o Evangelho. Mas a introdução da carta já revela o vínculo que havia entre eles:

“Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, também nosso colaborador, e à irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que está em tua casa: Graça e paz a vós outros da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações, estando ciente do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus e todos os santos, para que a comunhão da tua fé se torne eficiente, no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo. Pois, irmão, tive grande alegria e conforto no teu amor, porquanto o coração dos santos tem sido reanimado por teu intermédio”. (Filemon 1-7)

Filemom era uma pessoa amorosa e hospitaleira, e demonstrava isto para com todos. Por isso, Paulo age de forma muito carinhosa para com ele, ao interceder em favor de Onésimo, um escravo que havia fugido e que, certamente, também o havia lesado.

O que temos aqui é mais do que mera psicologia ou política de bons relacionamentos. Trata-se de uma direção do Espírito Santo na vida de Paulo não só para resolver um problema de seus dias, mas para que ficasse como exemplo e referência para todos nós hoje. O pedido por restauração do relacionamento é claro e direto:

“Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para te ordenar o que convém, prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de Cristo Jesus: sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas. Ele antes te foi inútil, atualmente, porém, é útil, a ti e a mim. Eu to envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração. Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas algemas que carrego por causa do evangelho; nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua bondade não venha a ser como que por obrigação, mas de livre vontade. Pois, acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o possuas para sempre, não já como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão de ti, quer na carne, quer no Senhor. Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo”. (Filemom 8-17)

Esta epístola nos revela uma história de reconciliação. Quando Paulo escreveu a Filemom, o fez movido por um único sentimento: promover reconciliação entre ele e Onésimo. E a mensagem dada a Filemom poderia ser dita assim:

“Enquanto estou na cadeia, você deveria estar me servindo, mas não está. Contudo, Onésimo que era seu escravo e fugiu (e está em falta contigo e precisando de reconciliação) está me servindo em teu lugar…”.

Certamente Onésimo ainda não era um crente quando fugiu, pois Paulo diz tê-lo gerado entre algemas, ou seja, lá mesmo na prisão.

Naqueles dias a escravidão era algo muito forte no Império Romano. A pessoa poderia vir a tornar-se escravo por diversas razões: poderia nascer na condição de filho de escravos e assim passaria a pertencer ao seu senhor; poderia ser devido à pobreza (quando familiares eram vendidos para arrecadar dinheiro); poderia ser devido à prática do roubo, o que culminava na prisão e possibilidade de se tornar escravo também.

Não sabemos com certeza o que levou Onésimo a ocupar esta condição, mas sabemos que ele teve um encontro com Cristo e sua vida foi transformada. Ele se tornou uma nova criatura e as coisas velhas ficaram para trás. Esta mudança é claramente vista na afirmação de Paulo a Filemom: Ele antes te foi inútil, atualmente, porém, é útil, a ti e a mim (v.11), Paulo escolhe propositalmente estas palavras porque o nome Onésimo significa “útil”.

Antes desta transformação, Onésimo demonstrou ser um escravo rebelde e que provavelmente ainda roubou a Filemom por ocasião de sua fuga, pois Paulo menciona um possível prejuízo e a lógica nos faz entender que se este homem conseguiu chegar a Roma (onde Paulo estava preso) deve ter conseguido algum dinheiro ou forma de pagamento de suas despesas – o que um escravo normalmente não possuía:

“E, se algum dano te fez ou se te deve alguma coisa, lança tudo em minha conta. Eu, Paulo, de próprio punho, o escrevo: Eu pagarei – para não te alegar que também tu me deves até a ti mesmo. Sim, irmão, que eu receba de ti, no Senhor, este benefício. Reanima-me o coração em Cristo. Certo, como estou, da tua obediência, eu te escrevo, sabendo que farás mais do que estou pedindo”. (Filemon 18-21)

Agora tente imaginar Filemom como alguém “afeiçoado”, dócil, e que, com o histórico de virtudes descrito por Paulo deve ter sido alguém que certamente se classificava como “um bom senhor”. E ainda assim, Onésimo foge e o rouba. Acredito que esta história deixou mágoas e feridas. Deixou no ar um cheiro de ingratidão para Filemom. Não era o que ele esperava colher da parte de Onésimo… Mas por trás de tudo isto vemos a mão soberana de Deus. Onésimo vem a ter um encontro com Cristo nestas condições; e parecendo uma grande coincidência, a pessoa que o leva a Cristo é justamente um conhecido, um amigo de seu senhor. E este homem se torna agora seu discipulador.

Imagino que muitas coisas devem ter sido tratadas na vida de Onésimo. Paulo não começou pela necessidade de reconciliação. Quando ele escreve para Filemom, já havia um relacionamento entre ele e Onésimo.
Temos evidências de que já havia um processo de tratamento e que a maturidade vinha já brotando, pois quando Paulo diz que Onésimo era alguém que se encontrava “servindo em amor” é porque não estava lá na condição de escravo, e sim por livre e espontânea vontade e desejo de servir.

Ele também manifesta o desejo de voltar e se reconciliar com seu senhor, embora não tenha condições de restituí-lo. Isto é evidência de transformação de vida! Depois de ter fugido e alcançado sua liberdade (ainda que de forma ilegal), Onésimo poderia não mais querer voltar a ser escravo sob hipótese alguma, porém ele havia aprendido um princípio que seu discipulador costumava a ensinar:

“Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente, o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo. (1 Coríntios 7.22)

Pelo constrangimento do amor de Deus em seu coração, ele passa a ser um escravo. Por amor ele passa a servir ao apóstolo Paulo e posteriormente se dispõe a voltar para Filemom. Ele entende que mesmo que tenha alcançado a liberdade no natural, agora é um escravo de Cristo (e de seus ensinos e ordenanças).

PRATICANDO A RESTITUIÇÃO

Agora perceba algo: mesmo reconhecendo que Onésimo havia sido transformado e perdoado por Deus, Paulo não deixa de reconhecer que ele ainda tinha pendências a serem corrigidas. Nossa transformação não remove de nós a responsabilidade de consertar algumas coisas que fizemos de errado em nosso passado. Não podemos agir certo só da conversão em diante, mas precisamos resolver algumas “coisinhas” que ficam para trás também. O apóstolo não promove somente a reconciliação, mas também a restituição. Esta era uma ordenança da lei mosaica: a pessoa devolvia o que pegou e ainda acrescentava uma indenização. Foi o que aconteceu com Zaqueu quando ele se converteu:

“Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”. (Lucas 19.8-10)

Da mesma forma como Paulo pede perdão em favor de Onésimo, poderia também pedir o perdão da dívida, mas não faz isto, pois sabia que este era um princípio que deveria ser praticado e não ignorado. Quantos crentes de hoje precisam aprender este princípio! Antes de nos entregar a Jesus deixamos para trás um rastro de injustiças praticadas e achamos que não precisamos fazer mais nada, só porque Jesus nos perdoou… mas não é bem assim! Há situações em que a restituição será impossível de ser praticada. Mas há condições em que no mínimo uma reconciliação, um pedido de perdão, já faria muita diferença.

Tem muita gente por aí que ainda está presa a situações de seu passado. Nem tudo dá para se resolver. Tenho um amigo que, antes de se converter, era assaltante de carros e de bancos; jamais poderá restituir tudo o que roubou antes de conhecer a Cristo. Mas tenho muitos outros amigos que reconheceram estar ao seu alcance, e que praticaram a restituição. Um deles foi restituir a uma antiga vizinha as galinhas que roubara em sua infância; e, além de se livrar de um peso que carregava, ainda pôde evangelizar a mulher que se impressionou com sua atitude.

Veja o caso dos dois personagens em destaque nesta epístola de Paulo. Temos Filemom como a vítima, e Onésimo como o culpado. Ambos se converteram e conheceram a Jesus. Ambos tinham pendências e precisavam ser ministrados por Deus. E ambos precisavam de reconciliação! Mesmo reconhecendo que eram novas criaturas sem condenação alguma (Rm 8.1), Paulo reconhece que eles precisavam desta reconciliação.

E você? Como está sua vida? Ainda traz consigo pendências não resolvidas? Acredito que esta é uma mensagem de Deus para muitos corações que necessitam de conserto.

HÁ UM TEMPO ESPECÍFICO PARA ISTO

Como já afirmei anteriormente, Paulo não iniciou o processo de reconciliação imediatamente após a conversão de Onésimo. Provavelmente este homem não tinha condições de fazer isto logo no início de sua caminhada. Talvez faltassem condições financeiras suficientes para tal. Talvez faltassem condições emocionais. Contudo, o que imagino ser mais provável: faltava maturidade espiritual. Este tipo de atitude não se gera da noite para o dia. Tem a ver com mudança de caráter, ajuste de valores.

A reconciliação costuma produzir vergonha na parte culpada quando sabe que vai encarar a vítima. Não sabemos quanto tempo isso levou para acontecer, mas o alvo não foi perdido de vista.

Talvez você também sinta necessidade de consertar certas pendências, mas deve procurar amadurecer o assunto em oração e busca de Deus. Não faça nada correndo. Busque conselho com o seu pastor ou discipulador antes de dar o passo, porque, mesmo sendo algo certo a ser feito, deve acontecer também na hora e da forma correta.

O ASPECTO PRÁTICO

Esta história nos ensina três lições práticas:
1. Se você é alguém que está numa condição semelhante à de Onésimo, precisa buscar acerto.
2. Se você é alguém que, como Filemom foi ofendido e lesado, precisa perdoar quem te fez isto.
3. Se você, como o apóstolo Paulo, conhece outros crentes que tenham um problema de relacionamento ‘quebrado’, deve promover entre eles a reconciliação.

Infelizmente, a intriga sempre existiu e existirá no meio do povo de Deus nesta terra. Mas é em momentos como este que os aprovados se manifestam:

“Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio”. (1 Co 11.19).

Se no livro de Atos dos Apóstolos e nas Epístolas do Novo Testamento (mesmo em meio a um grande mover de Deus) encontramos tantos problemas de divisões, intrigas e dissensões, por que achar que conosco nada acontecerá?
Mas quando vemos acontecer, devemos interferir como pacificadores. Talvez ao meditar nesta história de reconciliação você tenha concluído que não se encaixa nas figuras de Filemom ou Onésimo. Mas você pode ser um Paulo; pode ser um reconciliador!

Há pessoas que colocam sua língua à disposição de Satanás. Tiago escreveu que a língua muitas vezes é inflamada pelo inferno. Não deixe isto acontecer com você. Semeie a paz e não intrigas. É muito importante ter o papel e presença de um mediador na hora de resolver certos problemas. Paulo aconselhou aos coríntios a levantarem alguns como juízes na igreja, a fim de julgar entre as questões e diferenças dos irmãos (1 Co.6.1-7).

Não é necessário ter pressa. Paulo regou o processo com oração e diálogo, e quando tudo aconteceu só promoveu a edificação. Não adianta reconciliar “na marra”, a coisa tem que fluir nos corações das pessoas primeiro. Foi o que Paulo disse a Filemom:

“Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para te ordenar o que convém, prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de Cristo Jesus; sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas”. (Filemon 8-10)

Isto é como aquela mãe que obriga os filhos brigados a darem as mãos e dizerem que perdoam um ao outro… A “reconciliação” só acontece para não apanharem da mãe! Mas não funciona de fato. Não deste jeito. A reconciliação deve ser pregada e ensinada. Deve ser aconselhada e dirigida. Deve ser praticada na igreja hoje, e nos moldes desta história de reconciliação que o Espírito Santo fez questão que ficasse registrada para nós… Que Deus nos ajude!

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Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel Subirá e Lissa Subirá.

30 de abr. de 2020

O Vírus que adoece as Emoções

“Sonda-me ó Deus e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos: vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 139.23, 24)
O que temos visto quando olhamos para dentro de nós? Podemos identificar alguns desses vírus que adoecem as emoções? Podemos fazer, com coragem, essa oração que o salmista fez?
Quando alguém fratura um membro, o procedimento é tirar um raio x para visualizar com clareza onde está a fratura, o aspecto da ferida ou o tamanho do trauma; assim é na vida emocional. Quando submetemos nossas vidas interiores à luz do conhecimento de Deus identificamos onde estão os traumas a serem tratados.
A cura e a restauração da alma são uma atitude de enfrentar, conscientemente, com maturidade os traumas não superados, as memórias doídas e emoções feridas. Curar é enfrentar, é o ato de trazer à frente. É necessária uma revelação bem definida de como está a estrutura da nossa personalidade, identificando rejeições, traumas e feridas que vieram como resultado de modelos de autoridade que falharam, mas principalmente nossas escolhas erradas frente a essas falhas. Muitas vezes nossas emoções adoecem não só pelas influências, mas também pelas escolhas erradas que fazemos.
O estado do coração compromete nossas atitudes e também a qualidade de vida. Precisamos entender o que está impedindo o desenvolvimento da nossa saúde emocional. Muitas são as situações que podem adoecer as emoções, como podemos ver:

ÁREAS DE TREVAS

“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Provérbios 28.13)
Situações não resolvidas, pecados não confessados, medos e traumas sufocados, abusos, consistem em áreas de trevas comprometendo nossa saúde emocional e aprisionando-nos em um estilo de vida de sofrimento. Podemos perceber que essas áreas de trevas geram algumas doenças emocionais que migram para nosso físico. Stress, depressão, síndrome do pânico, desordem de humor têm grandes possibilidades de terem raízes nessas áreas de trevas, podendo gerar as doenças psicossomáticas, onde o indivíduo faz todos os exames e não encontram nenhuma alteração no organismo, mas os sintomas insistem em permanecer.
Para lidar com esse vírus que adoece as emoções é necessário estar disposto a construir um estilo de vida de transparência, livre de situações ocultas e guardadas. Quanto mais transparente a pessoa for, mais livre ela estará desse vírus.

PASSIVIDADE

“Desde os dias de João Batista até agora o Reino de Deus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mateus 11.12)
A passividade é uma inimiga, tanto da saúde emocional como da saúde espiritual. Se não conseguirmos que a pessoa saia da passividade, vamos falhar em ajudá-la. O maior perigo da passividade é que, quando instalada, vai minando a força moral e tornando a pessoa suscetível a imoralidades. A incapacidade de reagir frente a situações de pecados e tentações revela a intensidade da passividade.
Muitas famílias são marcadas quando a passividade se instala, quando a figura de um dos modelos de autoridade se anula gerando uma disfunção. A figura do homem é muito atingida pela passividade, que acaba levando esse pai, esse marido, à margem de suas funções. Para poder lidar com esse vírus, um estilo de vida marcado pela iniciativa faz toda a diferença.

ORGULHO

“Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (Tiago 4.6)
As pessoas não querem se apresentar como “fracas”, reconhecendo que um problema existe, então constroem barreiras de autoproteção e não estão dispostas a se despir emocionalmente para serem curadas, como foi com o general de guerra Naamã relatado no livro de 2 Reis 5.1-19.
Apesar de todo seu status e posição, a bíblia declara que ele era leproso e precisava desesperadamente ser curado. Sua cura não foi somente física, mas também na alma. Ele se despiu de toda sua armadura, suas estrelas e, principalmente, de seu orgulho. Expôs suas feridas e, seguindo o conselho do profeta, foi mergulhar sete vezes no rio Jordão. Ao sair de lá estava curado no físico. Será que temos a mesma disposição para sermos curados?
O orgulho tem sido uma forte marca nesta geração. Quantas pessoas estão em dificuldades e sofrimentos? Até sabemos como ajudá-las, mas não podemos, devido ao orgulho que acaba impedindo com que a pessoa reconheça que precisa de ajuda.

RELIGIOSIDADE

“(…) Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lucas 12.1)
A religiosidade é como uma maquiagem que encobre áreas de derrota e fracasso, esconde a ferida e também impede que o remédio seja administrado. A religiosidade nos faz cegos para nossos erros, tornando nossa consciência insensível ao arrependimento. Temos um número grande de pessoas que, apesar de estarem dentro das igrejas, ainda estão cegas com relação aos próprios erros e àquilo que precisam mudar. Muitas vezes ministram outras vidas com um ar de superioridade. Por baixo dessa religiosidade existem feridas que precisam ser curadas e expostas.
A religiosidade está ligada a uma vida de aparências, sem essência. Regemos nossa rotina baseados em rituais, vivendo em função do que os outros vão pensar ou falar.
Muito da fala e do discurso de Jesus estava voltado em combater esse tipo de atitude superficial. Ele confrontou a elite religiosa da época, que estava vivendo uma espiritualidade baseada em religiosidade e hipocrisia. Para lidar com esse vírus que adoece as emoções é preciso construir um entendimento de que espiritualidade é baseada em essência e não em aparência. O evangelho é uma mensagem que age em nosso coração.

FALTA DE PERDÃO

“E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados” (Marcos 11.25)
A falta de perdão tem se tornado uma grande armadilha, aprisionando muitas pessoas em um quadro emocional de amargura e frustração. Sempre ouvimos com facilidade que precisamos perdoar, mas na prática não é tão fácil assim. O perdão não é um sentimento, nunca vamos sentir de perdoar ninguém, o perdão é uma decisão e, por outro lado, um processo. A falta de perdão nos faz ligados ao ofensor. Então nos cabe decidir de que maneira queremos estar vinculados às pessoas que nos machucaram.
O ressentimento e o rancor nos tornam como que amarrados às pessoas que nos ofenderam, carregando esse peso até o ponto de todas as nossas forças se acabarem. Perdão não significa fingir que nada aconteceu, mas sim uma decisão de renunciar a dor do orgulho ferido e entregar essa causa. Perdão não significa que eu tenho de transformar a pessoa perdoada no meu melhor amigo para provar o perdão.
A melhor maneira de lidar com esse vírus que tem adoecido, e muito, a vida de pessoas, é enfrentar a dor e resolver o perdão. Não vale a pena carregar a mágoa e a amargura, esses sentimentos são tóxicos e criam raízes profundas na nossa vida.

Texto extraído do livro “Saúde Emocional – O Cuidado que Gera Crescimento”

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Autor: Renato Henriques. É casado com Marilza tem dois filhos, Rackel e Matheo. É diácono na Comunidade Alcance de Curitiba, e atua na área de aconselhamento e treinamento a mais de 10 anos. É psicólogo clínico e terapeuta familiar. Tem contribuído com o crescimento e a multiplicação de líderes através de seminários de cura e restauração em todo o país.